Do Orçamento do Estado 2010

27 01 2010

E eis que finalmente foi apresentado ao país – e, quem sabe mais importante, ao mundo – o Orçamento do Estado para o ano de 2010. Das 736(!) páginas do documento, que chegou à Assembleia da República já depois das 22h de Segunda-feira última, salta à vista um número em particular: 8.3%.

Este número representa aquilo que é a estimativa do Governo para o valor do défice orçamental para o ano de 2010 em percentagem do P.I.B. nacional. No entanto, para melhor se compreender a escala do que este número representa é necessário ter em conta o valor monetário que reside por detrás dele, ou seja, aproximadamente 13 mil milhões de euros.

E a pergunta que agora se impõe é: que diabo vai andar o Estado a fazer para em 2010 gastar 13 mil milhões de euros a mais do que aquilo que recebe? Aguardemos pelo debate no Parlamento para perceber…

Mas uma coisa desde já se pode esperar, com o nível de endividamento a que o nosso país vai chegar com esta derrapagem nas contas públicas todos nós vamos pagar uma pesada factura. E esta factura não se traduz só numa alocação maciça dos dinheiros públicos para pagar juros da dívida pública ao exterior – desviando os mesmos de áreas importantes como a educação ou a saúde-, causará também um aumento do preço do dinheiro para a banca nacional com o consequente reflexo nas prestações dos créditos que grande parte do nosso país contraiu junto da banca.

No entanto, o que mais me impressiona é a passividade e a ligeireza com que todos os responsáveis políticos aceitam esta realidade. O CDS-PP, a troco de mais uns milhões para a lavoura e afins, vai abster-se; o Dra. Ferreira Leite, ex-ministra das finanças, que sempre ostentou uma imagem de seriedade e de zelo no que a contas públicas respeita, já anunciou que o PSD também se vai abster “em nome do interesse nacional”.

E eu pergunto: em que realidade distorcida é que viabilizar um Orçamento do Estado, que prevê um défice de 13 mil milhões de euros, se pode traduzir em zelo pelo interesse nacional?

Sinceramente, não sei. O que sei é que, mais tarde ou mais cedo, a factura vai chegar e alguém vai ter de pagar a irresponsabilidade de quem neste momento governa o país.

Mas atenção, por governar entenda-se toda a classe politica. É que é tão irresponsável quem apresenta um orçamento destes como que o viabiliza.

Novos desenvolvimentos seguem dentro de momentos…


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